Você sabe o que são soft skills? Enquanto as chamadas “hard skills” se relacionam a qualidades que a pessoa adquire por meio de estudos escolares e acadêmicos como português, inglês, matemática ou história, as soft skills são ligadas a habilidades dinâmicas, que são normalmente adquiridas por meio da experiência e que condizem com a vida vivida, habilidades no contato com outras pessoas, na resolução de problemas etc.
As soft skills, são qualidades normalmente adquiridas com a experiência e não com os estudos, e por isso é tão difícil desenvolvê-las em crianças e adolescentes. Isso não significa que não seja possível cultivar, desde cedo, atividades que produzam uma pessoa capacitada, não apenas tecnicamente, mas também nos modos e personalidades dos jovens para o mundo adulto, do trabalho e das relações interpessoais.
Por isso, listamos algumas soft skills muito importantes para o desenvolvimento de crianças e adolescentes, dê uma olhada a seguir
1 – Comunicação interpessoal
Essa soft skill tem a ver com capacidades de socialização no geral. Com o universo online entrando a cada dia mais profundamente nas dinâmicas sociais, as crianças podem passar horas e mais horas em plataformas digitais que não trabalham a comunicação direta. Muitas crianças podem adquirir certa dificuldade no contato com pessoas que não são diretamente próximas, como amigos, parentes e colegas de escola. Outras crianças têm dificuldades de olhar nos olhos, de fazer perguntas ou ouvir atentamente em situações públicas.
Esse tipo de habilidade, ainda que possa se camuflar em “perfis” como timidez ou estilo, podem atrapalhar a vida da criança no futuro. Para se ajudar nesse tipo de questão os pais devem focar no incentivo de atividades que trabalham a expressão, como cursos de teatro ou de drama, ou qualquer outra atividade que incentive a comunicação em público. Até mesmo aulas de canto ou clubes de poesia e saraus podem contribuir para o desenvolvimento dessa qualidade.
As escolas costumam trabalhar com seminários e apresentações orais, mas normalmente os alunos que têm dificuldades em expor suas ideias acabam por ficar ainda mais ansiosos e com “medo do público” nessas experiências. As atividades que mais podem contribuir para uma comunicação clara e rica estão ligadas à liberação de certa espontaneidade nas crianças e adolescentes.
Essa soft skill não é importante apenas para ajudar a criar relações com pessoas e fazer o famoso “networking” no futuro da empresa, mas também como forma de expressão, de comunicação de ideias e projetos. Habilidades de comunicação são muito valorizadas no mercado de trabalho de alto escalão.
Algumas outras dicas para ajudar as crianças a desenvolverem a comunicação é evitar que percam o foco. As crianças devem aprender a se comunicar diretamente com uma outra pessoa, com foco total e atenção. Ficar com os celulares desligados e sem fones de ouvido pode contribuir bastante nesse quesito.
2 – Resolução de problemas
Essa habilidade é extremamente importante. Muitos pais consideram que estão fazendo bem para seus filhos ao evitarem que participem de problemas do dia a dia. Consideram que as crianças devem ser protegidas das atribulações do mundo dos adultos e não precisam ainda ter responsabilidades.
É claro que as crianças não devem ter o mesmo nível de responsabilidade dos pais, no entanto, envolvê-las na resolução de problemas caseiros pode ajudar em muito o desenvolvimento de um pensamento capaz de desenrolar situações cotidianas. As crianças devem participar da limpeza da casa em situações de organização e faxina conjuntas.
Devem aprender o valor das coisas e a cozinhar (com o acompanhamento de um adulto). Enfim, todas as atividades domésticas são exemplos de atividades que geram um alto valor de aprendizado de soft skills. Além disso, as crianças não devem “trabalhar” em casa, apenas seguindo ordens dos pais, mas pelo contrário, elas devem ser impulsionadas para tomarem decisões, resolverem por si só entraves, obstáculos e adversidades.
Além disso, aulas onde as crianças “aprendem fazendo” são muito boas para desenvolver essas capacidades. Grupos de debate, aulas de programação (uma área muito ligada à resolução de problemas), cursos de culinária para crianças etc.
Esse tipo de atividade ajuda as crianças a perceberem que existem problemas no “mundo real” que exigem uma postura e uma atitude. Os problemas da vida não são solucionados apenas por meio dos saberes adquiridos na matemática, ou seja, no plano abstrato. Ao invés disso, necessitam de engajamento real e esse tipo de cognição só é criada a partir da experiência.
3 – Autocontrole
Habilidades essenciais não apenas para o mundo do trabalho, mas também para a vida em geral, estão longe de virem naturalmente em uma criança. Na verdade, as crianças costumam ser naturalmente impulsivas, cheias de energia e precisam, aos poucos, aprenderem a controlar suas urgências.
O autocontrole é a capacidade de conseguir postergar as suas exigências no momento. Uma pessoa sem autocontrole tem dificuldade para aceitar que existem momentos em que ela deve fazer algo, mesmo que não queira. Ela não consegue aguardar o momento certo para ter seus esforços retribuídos e pode perder a cabeça em situações estressantes.
De certa forma as escolas trabalham essa capacidade dos alunos ao fazerem com que fiquem sentados e quietos por longos períodos. No entanto, esse regimento não é suficiente e os pais devem ter uma postura ativa nesse tipo de aprendizado. Uma criança, por exemplo, deve aprender que quando é chamada não deve somente gritar “que foi?” do seu quarto ou de onde quer que esteja.
Ela deve parar o que está fazendo e atender o chamado de seus pais. Isso é importante simplesmente para ela compreender que às vezes é necessário parar o que se está fazendo para fazer outra coisa.
Além disso, são também problemas comuns dificuldades de dormir ou comer no horário certo, e demonstrar muita resistência com demandas cotidianas. Os pais não devem ceder com esse tipo de atitude, mas precisam acompanhar as “regras” de conversas instrutivas e utilizar cada momento para ensinar algo novo para seus filhos.
Outra ideia muito interessante é incentivar as crianças a fazerem pequenas meditações diárias, cerca de 3 a 5 minutos. A meditação é um exercício para a mente e ajuda a acalmar, criar foco e aumentar o senso de presença.
Praticar apenas esse curto tempo de meditação pode auxiliar enormemente o temperamento da criança a longo prazo. Além disso, é recomendável que os pais também pratiquem essa atividade milenar para aprenderem a ter mais paciência e cuidarem melhor de seus filhos!
Aulas que exigem disciplina e foco também podem ajudar muito. O desenho e a pintura, por exemplo, exigem paciência, foco, treinamento e demonstram que resultados dependem de esforços. O aprendizado de música também contribui nessa questão ao exigir muita prática e dedicação.
Ninguém conhece seu(sua) filho(a) melhor que você. Portanto, sinta-se livre para escolher as atividades que melhor se ligam ao seu caso!