Após um longo dia de trabalho exaustivo, o pai chega às 23h em casa e encontra o filho dormindo sentado, meio de lado, no sofá. O menino abre os olhos e pergunta: “Pai, vamos jogar botão?” A resposta é imediata: “Só se for partida de dez!”
Essa história se repete em todo lugar, com finais mais ou menos felizes (ou não) para a dupla – aqui, representada pelo pai e seu filho. Com o mundo agitado e o excesso de trabalho, o mais comum é encontrar outras formas de substituir a relação entre pais e filhos. São atividades extracurriculares em excesso ou a liberação da internet em tablets, smartphones e notebooks. Mas o melhor da história seria uma abordagem diferente, que vamos mostrar neste artigo.
Se você é pai, mãe ou responsável por um ou mais pequenos ou pequenas, fique atento, pois vamos falar sobre as brincadeiras inteligentes para pais e filhos! Também explicaremos por que aquele pai que citamos lá em cima compreendeu o chamado do garoto. Por último, temos algumas dicas inspiradoras para você aproveitar o seu tempo com a garotada. Boa leitura! 😉
Por que pais e filhos devem brincar juntos?
Ao assumir a responsabilidade de criar uma criança para o mundo, é preciso ter consciência de que ela tem direito ao lazer infantil. Isso é tão sério que consta, desde 1959, na Declaração Universal dos Direitos da Criança, aprovada pelas Nações Unidas.
Com certeza todos nós estamos cientes disso, mas as exigências do mundo moderno promovem distâncias tanto de espaço quanto de tempo entre pais e filhos. Pais trabalhando o dia todo, filhos estudando e ocupados com atividades extracurriculares e, ao final do dia, quando o tempo parece livre para, enfim, brincar, já está na hora de repousar o corpo e dormir. Mas por que as famílias devem brincar juntas?
Passado um ano de pandemia, e com a mudança de hábitos sociais, está ficando cada vez mais comum os pais relatarem que “poder levar as crianças para a escola não tem preço”. O home office assustou no início, mas, aos poucos, as famílias foram se ajustando, enquanto pais e filhos encontraram tempo para se relacionar.
É assim que eles estão aprendendo por que devem brincar juntos. As famílias estão se dando conta de que nem só de atividades racionais, lógicas, regradas e disciplinadas é feita a vida. Tudo isso é importante, mas tanto os adultos quanto, principalmente, as crianças e jovens têm necessidade de afeto, liberdade criativa, experimentar novas possibilidades, enfim, de fazer aquilo que as brincadeiras inteligentes incentivam.
Quando isso acontece entre pais e filhos, uma história é escrita por meio do reforço dos laços e do desenvolvimento da cumplicidade que os une e codifica os valores daquela família.
Os benefícios são imediatos!
Os especialistas em educação que seguem a linha de estudos do desenvolvimento humano de Donald Woods Winnicott (1896-1971), afirmam que as brincadeiras inteligentes são importantíssimas para a formação do caráter do indivíduo e influenciam diretamente sua capacidade de se relacionar com o mundo e com as pessoas, sejam elas da mesma idade, mais velhas ou novas e de qualquer condição social.
Você pode se aprofundar nessa área de conhecimento lendo trabalhos muito interessantes publicados pela Biblioteca Digital da USP, como, por exemplo, A criatividade sob a luz da experiência: a busca de uma visão integradora do fenômeno criativo, publicado pelo Instituto de Psicologia daquela universidade.
De forma simples, é possível separar em grupos os principais benefícios trazidos quando pais e filhos brincam juntos:
– Comportamento: estímulo da curiosidade, autoconfiança e criatividade, além da vontade de aprender e inovar;
– Psicológico: equilíbrio das emoções, diminuição da ansiedade e aumento da felicidade;
– Relacionamento com o mundo: estímulo da atenção e captação de informações, desenvolvimento do sentimento de segurança;
– Relacionamento com o outro: desenvolvimento do processo de confiança no outro e melhora na relação familiar.
Vamos brincar de quê?
A gente tem se preocupado em dar opções interessantes para a garotada realizar atividades lúdicas em casa, com ou sem a participação dos pais. Para isso, indicamos dois artigos do nosso blog que ajudarão (e muito!) os que precisam de ideias para inspirar as brincadeiras entre pais e filhos: “7 atividades para fazer em casa” e “4 dicas para ocupar, de forma divertida, o tempo das crianças que ainda estão em férias escolares”.
Nesses dois artigos, você já encontrará mais de dez atividades lúdicas para colocar em prática. Mas nós não paramos por aí: temos mais algumas sugestões para você aproveitar as brincadeiras inteligentes com a família. Vamos a elas:
1. Jogos de tabuleiro
Quem brinca de Jogo da Vida, Banco Imobiliário, Show do Milhão, War, Imagem e Ação e outros jogos de tabuleiro sabe o quanto esses jogos são divertidos, e ainda estimulam o raciocínio lógico e outras habilidades de crianças e adultos de todas as idades!
2. Jogos tradicionais
Baralho, Dama, Dominó, Jogo da Memória, Ludo, Trilha… Os jogos tradicionais são uma garantia de entretenimento e muita diversão. Raciocínio e atenção são habilidades desenvolvidas com muitas risadas.
Além disso, a criança aprende a competir de forma saudável e compreender que perder ou ganhar faz parte do jogo e da vida.
3. Contar histórias
Existem muitas formas de se contar histórias e brincar. Ler contos em família, inventar histórias em grupo, interpretar histórias em “teatrinho”, tudo isso é garantia de divertimento.
Mas a garantia de muitas gargalhadas você terá se brincar de “Adivinhe a história”: cada grupo tem que encenar uma cena de uma história, mas sem falar nada ou emitir qualquer som, e o outro grupo precisará adivinhar a história.
4. Qual é a música?
Jogo famoso nas rodas de amigos e familiares em que o líder diz uma palavra para alguém descobrir qual é a música. Quem descobrir primeiro ganha um ponto. Se ninguém adivinhar, o ponto vai para o líder. Quem faz o ponto é sempre o líder da rodada seguinte.
Keep Calm and… Divirta-se!
Tenha em mente que, para que as brincadeiras inteligentes atinjam os objetivos pretendidos, todos devem deixar o ambiente leve, sem muita rigidez. As regras devem ser seguidas, é claro, mas nada de brigas ou discussões, hein?
O importante é respeitar o próximo e ser empático (pensar como o outro pensa), permitir que cada um escolha como desenvolver suas próprias soluções, garantir a liberdade de criação e não ficar dizendo o que o outro deve fazer. Depois de tudo, nada melhor do que rir muito dos momentos mais engraçados!
Agora que você está preparado para brincar mais com seu filho, que tal encontrar outras dicas muito interessantes sobre o assunto? Leia o nosso artigo “Aprender brincando: o papel das atividades lúdicas no desenvolvimento infantil”.
E aí, bora brincar um pouco?