Quem acha que o ensino e criação de ferramentas de programação para crianças e jovens é algo recente está muito enganado. Há mais de 50 anos, foi lançado nos Estados Unidos o “Logo”, primeiro projeto educacional de seu tipo. Resumidamente, o aluno via na tela do computador uma tartaruga responder a comandos que a faziam escrever, desenhar, entre outras ações. Esse foi o “start” para a expansão do ensino de programação para jovens no mundo todo.
Mesmo com tempo suficiente para desenvolver uma ou duas gerações de programadores, atualmente ainda há uma grande demanda global por profissionais de tecnologia que não é atendida. Por isso, ao longo da última década, autoridades, especialistas, grandes empresários e até celebridades têm incentivado a expansão do ensino tecnológico em vários países.
Em declaração a uma dessas campanhas, por exemplo, o criador e CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, deixou clara a necessidade de mão de obra especializada: “Nossa política no Facebook é, literalmente, contratar quantos engenheiros talentosos pudermos encontrar. Simplesmente não há um número suficiente de pessoas que são treinadas e possuem essas habilidades hoje.”
Já falamos por aqui como alguns jovens estão se destacando e usando a tecnologia para fazer a diferença no mundo. Neste artigo, vamos ver de que forma alguns país e empresas têm atuado na expansão e democratização do ensino da programação para que surjam mais exemplos como esses.r
Hour of Code e a campanha de incentivo à programação nos EUA
“Não compre apenas um videogame. Crie um. Não baixe um aplicativo. Ajude a desenvolvê-lo. Não brinque apenas com o seu celular. Programe-o”. Essas frases são do ex-presidente Barack Obama aos jovens norte-americanos sobre a importância do ensino e aprendizado da Ciência da Computação e programação.
O discurso fez parte do lançamento da campanha “Hour of Code”, em 2013, nos Estados Unidos. O projeto é realizado anualmente na Semana de Educação em Ciência da Computação, uma homenagem à pioneira em computação Almirante Grace Murray Hopper.
Apoiada por gigantes do setor tecnológico como Google, Apple, Microsoft e Amazon, a iniciativa tem como objetivo desmistificar a programação e incentivar os estudantes a dominarem a linguagem dos códigos. A campanha já atingiu mais de 1 bilhão de pessoas, contando com mais de 400 parceiros e 200.000 educadores em todo o mundo.
O exemplo da China
Segunda maior economia do planeta, a China é um dos países que mais investiu em inovação nas últimas décadas e uma principais fabricantes mundiais de produtos, roupas, eletrônicos, automóveis, entre outros setores.
Atualmente, devido ao grande crescimento do setor de eletrônicos, os chineses se deram conta de que o ensino e aprendizado da programação é imprescindível para continuar crescendo. Em um século de avanços tecnológicos e aprimoramento da inteligência artificial, a China investe no aprendizado do futuro da nação: as crianças.
Em 2017, foi estabelecido um plano de desenvolvimento que levou cursos de programação para escolas primárias e secundárias. No mesmo ano, o investimento chinês para o ensino de programação foi de aproximadamente 962 milhões de euros. De acordo com a empresa chinesa Analysys, espera-se que esse valor chegue a mais de 4 bilhões de euros em 2020.
Essa mudança de paradigma tem um grande objetivo para a China: ao invés de ser apenas uma fabricante e fornecedora em larga escala, ela almeja tornar-se mais inovadora em relação a softwares e ferramentas digitais de componentes. Por isso, incentivar as crianças a ler e escrever códigos de programação pode ajudar o país a se tornar um grande provedor de tecnologia.
Estônia: um pequeno gigante europeu
A Estônia é um pequeno país do norte europeu com pouco mais de 1,3 milhões de habitantes. Ex-integrante da extinta União Soviética, é um jovem país de apenas 29 anos e um dos mais pobres da Europa.
No entanto, na última edição do Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes), avaliação realizada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico a cada três anos, a Estônia apareceu em terceiro lugar, melhor educação da Europa e quinta maior do ocidente.
De acordo com a ministra da Educação e Pesquisa do país, Mailis Reps, esse sucesso é baseado em três pilares: a educação é valorizada pela sociedade, o acesso é universal e gratuito e há ampla autonomia para os educadores
“Casa” do mundialmente conhecido Skype, a Estônia é conhecida também pelo forte investimento no ensino da programação para crianças e jovens. Desde 2012, com o programa-piloto ProgeTiiger, crianças a partir de 7 anos estão aprendendo a programar e tendo a oportunidade de criar com tecnologia. Na época, o objetivo do projeto não era passar conteúdos focados em linguagens, como Java ou C++, mas desenvolver conceitos e habilidades a partir da lógica computacional.
Iniciativas que fazem a diferença pelo mundo
Fundada em 2013, a Code.org é uma organização sem fins lucrativos que visa expandir o acesso à ciência da computação para crianças e jovens e aumentar a participação das mulheres e das minorias. De lá pra cá, além de Barack Obama, Mark Zuckerberg, Bill Gates, Jack Dorsey, Bill Clinton, Al Gore, Arianna Huffington, Mike Bloomberg, Steve Ballmer e outras figuras importantes participaram de campanhas da ONG.
Além da “Hora do Código” e outros projetos voltados para a expansão do ensino da programação, a ONG lançou recentemente o “Code Break”, série de episódios e atividades com lições sobre conceitos de ciência da computação. Em uma dinâmica divertida e inspiradora, os jovens podem criar códigos e aprender sobre variáveis com atores e atrizes famosos e até mesmo bater um papo com o inventor da Internet.
Outra iniciativa bem legal vem de Nova Iorque, do web designer John Vanden-Heuvel, que criou um livro de abas e repleto de cores e símbolos usados na programação. A ideia do “Code Babies” surgiu para que seu filho, recém-nascido, pudesse se familiarizar com esses padrões desde cedo. A partir desta iniciativa, surgiu uma série de outros títulos como HTML for Babies, CSS for Babies, JavaScript for Babies, Web Design for Babies e Web Colors.
Atravessando o oceano chegamos até a Finlândia, onde foi criado o livro Hello Ruby. Idealizado pela analista de sistema Linda Liukas, a publicação que apresenta conceitos primários da codificação para crianças a partir de 4 anos. Segundo Linda, o objetivo é despertar o interesse pelo tema e simplificar o que pode parecer complexo com exemplos de comandos, sequências e repetições.
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