Sir Ken Robinson, um expert em criatividade, fez uma palestra que desafia a maneira como estamos educando nossas crianças. Ele responde à famosa pergunta: as escolas estão matando a criatividade?
Sua proposta é baseada em uma reavaliação radical dos nossos sistemas escolares, com o propósito de cultivar a criatividade e reconhecer os diversos tipos de inteligência.
Colocando esses conceitos em prática, Robinson garante: é sucesso!
O que você precisa saber sobre Robinson
Sir Ken Robinson foi parte do comitê consultivo da Educação Criativa e Cultura do governo inglês em 1998. Ele liderou um grande estudo sobre a importância do ensino criativo no sistema educacional e na economia.
Pelo resultado impressionante da pesquisa, ele recebeu, em 2003, o título de “Cavalheiro do Reino” (Sir) pela Rainha Elizabeth. Não é para menos: seu excelente trabalho possibilitou novas perspectivas para o ensino customizado.
Na palestra que mostraremos mais abaixo, Sir Ken pede para que reflitamos sobre o motivo que não nos deixa conseguir o melhor das pessoas. Ele argumenta que isso acontece porque fomos educados a nos tornar bons trabalhadores, e não a desenvolvermos o pensamento criativo.
Alunos com mentes e corpos inquietos, ao invés de serem moldados de acordo com sua energia e curiosidade, são ignorados e estigmatizados nas escolas, o que traz consequências terríveis. Eles podem começar a achar, por exemplo, que não são bons o suficiente, enquanto já sabemos que a conversa não pode ser limitada a testes de QI.
“Estamos educando as pessoas a não serem criativas”
— Ken Robinson
Trabalhando com a imprevisibilidade do futuro
Ken explica que a educação é uma das coisas arraigadas nas pessoas, assim como a religião. É papel da educação nos conduzir a um futuro que não temos a mínima ideia de como será (mas, certamente, podemos presumir).
Pense por um momento que as crianças que estão iniciando agora na vida escolar estarão se aposentando em 50 anos. E, embora teoricamente tenhamos muito conhecimento sobre o mundo hoje, não sabemos como será nossa realidade em 5 anos.
Mesmo assim, continuamos a educar nossas crianças para esse futuro desconhecido com métodos do século passado.
A extraordinária capacidade das crianças

Sir Ken acredita que a criatividade é tão importante quanto a alfabetização e, portanto, não pode ser desconsiderada.
Para crianças, o maior risco é o medo de errar. A necessidade de pertencer a um grupo poderá travar jovens em caminhos sem saída – caminhos que são muito pouco originais.
Em um exemplo, Sir Ken conta a história de uma menininha de seis anos, cuja professora sempre reclamava que ela não prestava atenção à aula. Naquele dia, entretanto, ela prestou.
A pequena estava lá no fundo da sala desenhando ferozmente e a professora, fascinada com a súbita atenção da menina, aproximou-se e perguntou:
“O que você está desenhando?”
“Estou desenhando Deus”, respondeu a garotinha.
“Mas ninguém conhece a aparência de Deus”, replicou a professora.
A menina não teve dúvidas e respondeu: “Vocês vão conhecer em um minuto!”
Por que perdemos a criatividade no meio do caminho?
Infelizmente, em algum ponto no meio do caminho, a maior parte das crianças perde muitas de suas capacidades e talentos. Por isso chegam à vida adulta desprovidas de suas habilidades natas.
Comparativamente, podemos perceber que as empresas são administradas dessa maneira: estigmatizamos o erro, pois aprendemos na escola que errar é a pior coisa que pode acontecer na vida do aluno. Errar causa demissões, frustrações e vergonha. Em vez disso, o erro deveria ser um estímulo e a maior das aprendizagens.
O ilustre pintor Pablo Picasso afirmou que todas as crianças nascem artistas e que a dificuldade é permanecerem artistas enquanto crescem. Aplicado à nossa realidade, isso significa que estamos educando as pessoas a serem menos criativas.
Sistema educacional atual no mundo e porque tendemos a achar que as escolas estão matando a criatividade
Sir Ken Robinson afirma que a hierarquia do estudo é basicamente a mesma no mundo todo. O sistema educacional atual é baseado na ideia da habilidade acadêmica e o motivo para isso é que, quando o sistema foi criado, tinha o objetivo de atender à demanda da industrialização.
Isso determinou, portanto, o porquê de as disciplinas consideradas mais úteis para o trabalho estarem no topo de importância. E o problema é que elas não nos fazem pensar ou questionar, mas são ensinadas de forma a serem aceitas como verdades universais.
Nesse contexto, aulas de música e artes, por exemplo, ficam em um segundo plano. Afinal, parte-se da premissa de que essas crianças nunca conseguiriam um bom emprego desenvolvendo tais atividades. O que, é claro, não é verdade.
A consequência disso é que muitas pessoas altamente talentosas, brilhantes e criativas, acreditam que não o são, porque nunca foram valorizadas por essas habilidades durante a vida escolar.
Nesse sentido, vale dizer que não são as escolas que estão matando a criatividade, mas o modelo imutável de ensino. Faz mais sentido agora, não faz?
Inteligências variadas

Sabemos, em primeiro lugar, que a inteligência é variada. Há vários tipos de inteligência: visual, auditiva, cenestésica. Pensamos de forma abstrata, pensamos em movimento. Segundo, a inteligência é dinâmica e interativa. E, terceiro, ela é distinta.
Para exemplificar esses pontos, Sir Ken conta uma história bastante interessante. Em uma entrevista com a coreógrafa da Broadway, Gillian Lynne, para o seu novo livro, Sir Ken pergunta como ela se tornou bailarina.
Gillian contou que, quando tinha 8 anos, sentia-se bastante desmotivada com a escola. Eram os anos 30, e a escola escreveu para os pais da garota dizendo que acreditavam que ela tinha dificuldade de aprendizado, pois não conseguia se concentrar e era bastante inquieta.
Mandaram a garota para um especialista. Ela estava com a sua mãe e foi deixada em um canto enquanto os adultos, mãe e médico, conversavam.
Após um relato detalhado e cheio de drama por parte da mãe, afinal sua filha estava com as tarefas atrasadas e perturbava as pessoas, o médico, bastante perspicaz, se aproximou da garota e disse: “Gillian, eu ouvi tudo o que sua mãe disse e preciso conversar a sós com ela. Fique aqui que já voltamos.”
Antes de saírem da sala, o médico ligou o rádio. Quando deixaram a garota sozinha, o médico disse à sua mãe: só a observe e escute.
Assim que saíram, a menina se pôs em pé e começou a dançar. O médico, então, olhou para a mãe da menina e disse: “Sra. Lynne, sua filha não está doente. Ela é uma bailarina. Leve-a a uma escola de dança.”
Felizmente foi o que a mãe de Gillian fez e, a partir daí, tudo na vida da garota mudou!
A riqueza da capacidade criativa
Sir Ken Robinson ainda diz, em sua palestra, que temos de encarar nossa capacidade criativa pela riqueza que ela representa, e combiná-la com a esperança de um mundo melhor por meio das nossas crianças.
Clique no play e assista a essa palestra incrível. O vídeo já tem legendas!