Quando começam a perceber que seus filhos estão mentindo, mesmo nas pequenas coisas, muitos pais e mães tendem a ficar sem saber o que fazer. Mas as mentiras que as crianças contam têm uma origem, e é sobre ela que falaremos hoje.
Por que as crianças mentem?
Psicólogos afirmam que a criança usa a mentira com alguma finalidade: pode ser que ela não queira fazer algo em particular, como a lição de casa, ou simplesmente queira chamar a atenção dos pais. Ela pode dizer que não teve lição naquele dia e, por isso, não precisa fazer nada. Ou então pode dizer que passou por situações constrangedoras que, na verdade, nunca aconteceram.
É importante perceber que as mentiras que as crianças contam pode inclusive ter uma origem na sua percepção de mundo. Elas entendem o que os adultos esperam delas, e, por isso, medem suas palavras para se adequar àquilo que acreditam que os outros querem ouvir.
O problema é quando essas palavras não equivalem a suas atitudes, que podem ser duvidosas. Nestes casos, elas sabem que estão erradas, porém não necessariamente admitem – ao mesmo tempo, também não querem desapontar as pessoas que têm como norte.
Quem é pai sabe que, na maioria das vezes, é possível identificar logo de cara a mentira. E, nesses casos, qual é a melhor saída? Como mostrar aos pequenos como é o jeito mais certo de agir? Como mostrar que as mentiras que as crianças contam não são a melhor solução para qualquer que seja o problema?
O primeiro passo é lembrar que crianças não mentem por maldade. Elas dificilmente querem prejudicar outras pessoas. Na verdade, a resposta gira em torno delas mesmas, já que normalmente se veem como centro da vida familiar, e há um motivo para que inventem situações. Toda e qualquer correção deve ser feita, portanto, com amor e, acima de tudo, respeito.
Sinais de que seu filho está mentindo
Primeiramente, cada criança é um caso diferente. Sempre tente ver pelo seu ponto de vista e compreenda quais formas de falar podem ser mais adequadas. Às vezes, é preciso ser duro e brigar ou deixar de castigo.
Mais importante do que isso, porém, é conseguir fazer a criança entender as consequências de sua mentira. Entender que há um jeito diferente de resolver problemas e que você, como pai ou mãe, está lá para ela. Use sua intuição e vamos lá!
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Ele não consegue manter contato visual
Crianças geralmente falam olhando nos olhos dos adultos. Portanto, quando o seu filho tiver dificuldades em manter seu olhar fixo no seu, pode ser que algo esteja errado.
Para resolver isso, procure fazer perguntas assertivas e demonstre empatia. Assim, é mais fácil chegar perto da verdade e pensar em uma solução para o que quer que seja. Essa dica também serve para os momentos de birra, que são naturais considerando que elas não têm maturidade emocional para expor exatamente como se sentem – e talvez ainda nem compreendam inteiramente esses fatores.
Crianças tendem a contar histórias absurdas e pouco consistentes. Perguntas podem ajudar a descobrir qual parte é real e qual parte jamais aconteceu. Atente-se aos detalhes e observe as divergências na narrativa.
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Suas reações são agressivas
Este caso ocorre com mais frequência em crianças maiores, quando elas já entendem melhor as falas dos pais e percebem quando eles não estão acreditando no que elas estão inventando.
Pensando que a melhor defesa é o ataque, elas se armam, e suas reações são geralmente agressivas. É papel dos pais manter a calma e não ter a mesma reação, o que reafirmaria como positiva a defesa do filho.
Ao contrário, explique que vai esperar ele ou ela se acalmar e que, só então, poderão voltar a conversar. Seja paciente e aguarde: é preciso dar tempo para que o outro entenda que falar e ser honesto pode ser a melhor forma de agir, mesmo depois de uma mentira ter sido contada.
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Tocam a face (quando isto não é um hábito)
Contar uma história olhando para cima ou tocando o rosto podem ser sinais de que a história narrada não é verdadeira. Esses dois pontos podem ser apenas hábitos ou, ainda, indicações de sentimentos de vergonha ou ansiedade, portanto não tire conclusões precipitadas.
O mesmo pode correr com inquietações, quando a criança não sabe o que fazer com as mãos, as pernas ou os braços. Observe e pratique a escuta ativa (quando realmente se ouve o que o outro tem a dizer), procurando por sinais que comprovem a mentira ou que apontem para outros caminhos.
Assim, é possível conversar com seu filho sobre o assunto e, mais uma vez, mostrar que ele não está sozinho. Uma solução que não envolva punição direta pode estar envolvida. Mesmo havendo um tipo de punição, também é importante mostrar o motivo pelo qual ela está sendo aplicada.
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Mudanças no tom de voz
Crianças normalmente não têm um tom único de voz. Entretanto, quando essas variações estão mais assíduas e chamam atenção, pode significar que algo naquela frase não está correta. Elas podem falar mais alto e o tom pode soar mais agudo.
É comum também que gaguejem e se embaralhem nos detalhes. Talvez contem uma mentira em cima da outra e, quanto mais perguntas você fizer, mais provável que a criança demonstre outros sinais já citados de que o que está falando é uma inverdade.
Como agir diante da mentira do filho?
Tente ao máximo tratar a situação com naturalidade, tomando medidas para que a criança entenda o que fez e se corrija.
Ela precisa reconhecer o erro, compreender que a mentira não a leva a lugar nenhum e que este definitivamente não é o melhor caminho. Uma boa e simples conversa, com um castigo simples, podem ser suficientes para isso.
Separamos algumas dicas que podem ajudar nesses momentos.
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Demonstre que levou na brincadeira
Principalmente se a criança for pequena. Mesmo alarmado, aja de uma maneira que ele entenda que a mentira não colou e que você sabe disso. Você pode dizer algo como “Ei, essa história está meio esquisita, hein? Quer tentar contar de novo, só que dessa vez como realmente aconteceu?”.
Assim você não coloca pressão em cima do seu filho e lhe dá a oportunidade de contar a verdade. Caso seu filho já seja pré-adolescente, o ideal é que você diga a ele que a história está mal contada, que “mudar os fatos da história” não é correto e dê uma chance para ele tentar novamente.
Se o seu filho perceber que você não está bravo e sim compreensivo, há uma chance maior de ele contar a verdade e ser sincero. Evite o impulso de querer dar uma lição de moral nessa hora, deixe para outro momento, no qual ele não se sinta tão vulnerável e ambos estejam mais tranquilos.
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Verifique o motivo da mentira e estipule consequências
O pré-adolescente e o adolescente já sabem o que é certo e o que é errado melhor do que as crianças. Por isso, é de extrema importância que os pais tentem compreender o motivo que os levou a mentir e estipulem consequências.
Demonstre seu apoio toda vez que ele for honesto e deixe muito claro por que está aplicando um castigo. Para o adolescente, um dia sem televisão ou celular pode ser o suficiente nos casos de mentiras menores.
Já para crianças, separar um “banquinho” para que ela fique sentada por 15 minutos enquanto pensa sobre o que fez, por exemplo, pode ser uma ótima solução. Não fique de cara feia depois, aja naturalmente e mostre que, como ela se comportou bem durante o tempo combinado, ela pode sair.
Em resumo, deixe as regras bem claras desde cedo e não exagere nas punições ou na demonstração de poder. As mentiras que as crianças contam vêm de um lugar e é importante entendê-lo para evitar situações mais complicadas no futuro.
Inclusive, vale tentar despertar um senso crítico nestas fases iniciais da vida. E, lembre-se, o exemplo é a melhor lição. Seja honesto com seu filho e com as pessoas ao seu redor, demonstre como esta é a melhor opção mesmo em momentos difíceis, e assim você estará encaminhando seu pequeno para um futuro promissor.