Há quem ainda duvide do potencial da indústria de games, mas o movimento para torná-la mais inclusiva, trazendo, por exemplo, uma clara evolução das personagens femininas no mundo dos jogos, mostra que o caminho tomado é reflexo de uma geração mais conectada.

Vale lembrar que o primeiro videogame lançado no Brasil foi o Telejogo, que custava cerca de R$ 1.150 e conquistou players já em 1977. Mas foi com a chegada dos RPGs que o mercado decolou completamente. Afinal, quem não gostaria de se ver tomando decisões e desbravando um mundo inteiramente novo sem sair de casa?

De 1996, com o jogo Meridian 59, a 2021, com o novíssimo Horizon Forbidden West, sem dúvida muita coisa mudou. Só em 2020, esse universo foi responsável por gerar uma receita de mais de 160 bilhões de dólares – 12% a mais do que em 2019. 

E se você acha que esse movimento foi gerado majoritariamente por homens, talvez se surpreenda com a notícia: 48% dos gamers são mulheres! Já faz anos que o cenário dos jogos não é mais tão dominado por homens e, naturalmente, mudanças nos próprios games foram necessárias.

Protagonistas femininas na era do videogame

A primeira personagem feminina mais conhecida na história dos games é Samus Aran, do jogo Metroid (1986). Vestida com uma armadura especial, ela só é mostrada como mulher ao final do jogo.

Algumas outras ficam na nossa memória como primeiro sinal de representatividade. Lara Croft (Tomb Raider, 1996) é uma das principais nesse cenário. Entretanto, foi só em 2013 que seu figurino passou a fazer jus às suas aventuras.

“Tomb Raider: Definitive Edition” (2013) e “Rise of Tomb Raider” (2015) caracterizam a personagem muito mais pela sua inteligência e agilidade do que pela roupa, que virou sua marca registrada.

Se a mudança fica clara em personagens que perduram mesmo após quase 30 anos da sua criação, ela também mostra um novo papel da mulher nas narrativas dos jogos. Agora não é mostrada uma personagem feminina apenas ao final do jogo, nem ficamos limitadas à Princesa Peach que precisa do Mario para salvá-la.

O protagonismo está logo no primeiro segundo, como vemos em Horizon Zero Dawn, desenvolvido pela Guerrilla Games e publicado pela Sony. E não se trata de um videogame para iniciantes: sem tutorial, é um jogo para quem gosta de desafios e aprender por tentativa e erro. 

Imagem: Reprodução/blazeofmind no YouTube

A palavra “compaixão” define Aloy, personagem do game, mas não a limita. É possível ver Sarah Connor (Exterminador do Futuro), Ripley (Alian) e Ygritte (Game of Thrones) na personagem. Forte, destemida e corajosa, Aloy já é um ícone para a PlayStation e um marco no gênero.

Personagens femininas para mulheres geeks

League of Legends é um dos jogos mais populares entre os jovens (e até adultos). Seus campeonatos são disputados no mundo inteiro e movimentam mais de 2 bilhões de dólares por ano.

E, apesar de seu universo por enquanto ser composto majoritariamente por homens (apenas 12% dos usuários são mulheres), as personagens do jogo inspiram um lado batalhador e forte. Não há quem não tema um jogo com a campeã Camille, pois jogar com ela é estar no controle da batalha.

No novo jogo de celular, Top War, os heróis são responsáveis por ajudar a avançar no jogo. E a segunda melhor personagem para lutar com forças militares é Katyusha, lutadora e conhecida como “o pesadelo de seus inimigos”.

Para ficar na história

Segundo a Pesquisa Game Brasil, atualizada anualmente numa parceria entre Sloux Group, ESPM e Blend New Research, o cenário brasileiro é ponto de atenção. Desde 2016, as mulheres adultas são maioria no consumo de jogos eletrônicos.

Mas ainda há necessidade de um esforço de representatividade que as faça se sentirem de fato dentro desse mundo. Somente 23,3% delas se consideram gamers. Mas o cenário que vem sendo desenhado ao longo dos anos se mostra mais acolhedor e a evolução das personagens femininas no mundo dos jogos tem sido inspiração.

Não restam mais dúvidas: o mundo gamer é para todos. Independentemente da idade ou do sexo, há um game  a ser desenvolvido, ou jogado, por qualquer um que esteja disposto a tentar.