A tecnologia revolucionou os hábitos de vida e a forma como nossa sociedade se organiza e avança. Passou a fazer parte, praticamente, de todas as atividades cotidianas, e nos deu um melhor amigo, até mesmo no que diz respeito ao desenvolvimento educacional: o celular.
Não é só em todas as atividades que ela está presente, mas também em todas as faixas etárias. Dos bebês aos idosos, é cada vez mais difícil encontrar quem não tenha se rendido aos encantos dos aparatos tecnológicos.
No entanto, uma nova recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) despertou um alerta e provocou uma reflexão: como a tecnologia influencia na educação das crianças.
De acordo com a cartilha, crianças de até 1 ano não devem ter contato com as telas, e as menores de 5 podem utilizar com restrições. O que significa reduzir o uso dos aparelhos para no máximo 1 hora por dia.
Isso sinaliza uma investida contra a tecnologia?
Não. De forma alguma equilibrar as atividades infantis com a utilização de tecnologia deve ser enxergado como uma ofensiva. Sua contribuição para o desenvolvimento das crianças é reconhecido de forma geral por especialistas.
Todavia, a questão abordada pela OMS é relativa, sobretudo, ao excesso. O alerta, na verdade, deve ser direcionado não às crianças, mas aos pais. Muitas vezes, por comodidade ou por autonomia de tempo, as tecnologias são exageradamente incorporadas à rotina familiar.
Assim sendo, como fazer dela uma aliada no desenvolvimento infantil?
O limiar entre entreter e aprender
Não é difícil encontrar plataformas e aplicativos que ajudem (e muito) na didática do aprendizado. Seja através de videoaulas, de metodologias digitais ou até mesmo aprendendo sobre o funcionamento dessas máquinas. São inúmeras as possibilidades que a tecnologia apresentou como uma soma positiva de saberes. Não precisa ir muito longe para entender que essa nova maneira de compreender o mundo veio para ficar.
Basta reconhecer que todas as crianças nascidas após os anos 2000 chegaram em uma sociedade completamente conectada e informatizada. São crianças que crescem acompanhando novidades do Brasil e do Mundo em questões de segundos.
São pessoas que possuem mais amigos virtuais do que os presenciais, são autodidatas e, desde muito cedo, ensinam e aprendem na mesma proporção. É fundamental compreender que elas nunca conheceram nada diferente disso.
Isso não é ruim, é diferente do que as gerações dos pais dessas crianças costumavam ver, e a conciliação acaba sendo o grande segredo deste convívio.
É preciso se adaptar e acostumar com esta nova percepção de mundo, e, principalmente, viabilizar que essa nova dinâmica resulte em descobertas importantes para toda a humanidade.
É, por isso, que os brinquedos de antigamente já não são mais tão empolgantes para uma criança millennial — os nascidos após 2000. Não existe o maniqueísmo entre melhor ou pior, existe a diversidade e a proporcionalidade.
A via que torna essa relação harmoniosa é aquela que extrai todo o potencial de ambas as realidades. Logo, aquela que usufrui tanto deste novo universo, quanto das já tão conhecidas formas “analógicas” de desenvolvimento da sociedade.
A importância das experiências
O conhecimento é uma esfera que não tem limite e pode ser absolutamente plural e diverso. É dessa forma que o Clubinho de Ofertas enxerga e valoriza o conhecimento a partir das experiências.
Pode ser por meio de uma peça teatral, de um museu interativo ou um parque radical. A ciência, o pensamento ou as grandes ideias não são restritivas, muito menos iguais. Cada ser humano é capaz de sentir e nutrir aprendizados completamente diferentes a partir da mesma vivência. As crianças de hoje possuem o mundo nas mãos e se comportam como tal.
Nessas condições, pais, professores e toda a sociedade tem o compromisso de orientar esse desempenho. Como? Equilibrando as experiências sensoriais e afetivas ao mesmo passo que se soma os benefícios trazidos pelas tecnologias.
É deixar para trás a ideia de que preparamos nossos filhos para o futuro, e admitir que o futuro já chegou. Hoje, educamos crianças que possam enfrentar com maturidade e perspicácia os grandes e complexos desafios da nossa sociedade.
Por Erika Zordan
Mineira de raiz, carioca de coração, apaixonada por histórias e que acredita muito no poder de transformação da educação.